30 Mar 2012

Valores éticos e a corrupção internacional

Um caloroso debate sobre ética empresarial nos últimos dias me fez buscar o índice de transparência internacional medido anualmente pela Organização Transparência Internacional, desde 1995. Penso que não há como falar em compromissos de desenvolvimento sustentável sem ter em conta os valores éticos fundamentais da justiça, honestidade e verdade.

Para quem não conhece, o CPI - Índice de Percepção da Corrupção, é apurado através de pesquisas de percepção e diagnósticos de especialistas para cerca de 200 países, e tem resultados aprovados por um comitê internacional envolvendo estatísticos, economistas, cientistas políticos e sociais. O índice vai zero a 10 - sendo que quanto mais alto o índice, menor a percepção de corrupção no país.

Em 2011, 2/3 dos países ficaram com nota abaixo de 5 - o que significa que são considerados significativamente corruptos. Entre os mais corruptos estão os aqueles com governos instáveis, em especial os que têm histórico de conflitos: Afeganistão, Coréia do Norte, Haiti, Somália. Para minha surpresa, entre os 10 piores encontra-se também a Venezuela. Entre os BRICS, o Brasil é o segundo melhor e a Rússia o último:
  1. África do Sul: 4,1 (4,5 em 2010)
  2. Brasil: 3,8 (3,7 em 2010)
  3. China: 3,6 (3,5 em 2010)
  4. India: 3,1 (3,3 em 2010)
  5. Russia: 2,4 (2,1 em 2010)
Entre os mais bem colocados, também pouca surpresa: Australia, América do Norte e Europa Ocidental. Na América do Sul, fazem bonito entre os melhores, dois países apenas: Chile (7,2) e Uruguai (7,0). Dois bons exemplos a serem perseguidos em terra brasilis.

No website da Organização tem um infográfico interativo super interessante e é também possível baixar a planilha histórica dos países monitorados. Os índices de 2011 foram publicados em 1/dez/2011.

1 comment:

Anonymous said...

*** Publico aqui o comentário feito pelo Ricardo Cifuentes no Facebook, já que ele teve problema para publicar aqui no blogger ***

Tem uma informação implícita no indicador de percepção da corrupção que, acredito eu, deve ser colocado em destaque. Trata-se de um indicador de percepção e não de ocorrência de casos de corrupção. E, por esse motivo, ele está sujeito a forças que não se fecham somente na ocorrência de casos de corrupção. Isso me ocorreu porque, nas redes sociais apareceram algumas denúncias graves e fundamentadas de corrupção no governo chileno que, como vc sabe, me desperta um interesse particular. No entanto, a percepção da corrupção parece não captar isso. E o motivo disso é que a imprensa local está toda sob domínio de empresas que pertencem, direta ou indiretamente, ao presidente. No mesmo sentido, é comum ouvir em rodas de conversa de boteco no Brasil, pessoas dizendo coisas do tipo "na época da ditadura não tinha essa sem-vergonhice de corrupção". Ela existia. Mas não existia imprensa livre, ministério público e polícia federal com liberdade de ação para investigar e expôr esses casos. Assim, a evolução do índice de percepção da corrupção pode ocorrer sim pelo aumento de casos de desvio de recursos, mas também pode ser um indicador positivo de uma imprensa livre e de instituições fortes que combatem esse tipo de crime.